quinta-feira, 26 de março de 2015

BEM-VINDO À ESTRADA, MEU AMIGO!
No céu nuvens negras
O chão molhado da chuva
No corpo intenso frio
Na cabeça um copo vazio
Apenas mais um dia
Como tantos outros, para todos
Não para ele
Fugindo do passado
Uma porta fechada lá atrás
Um mundo desconhecido a frente
Em cada passo, um degrau diferente
Escorregadio às vezes...
Bem-vindo à estrada, meu amigo!
Você não está sozinho
Agora o passado foi embora
Vamos tomar mais um copo de vinho
Estou nesta estrada há muito tempo
Tanto que já nem me lembro
O que deixei lá atrás
Passado que vai não volta mais...
Mas pense bem antes de decidir
É a tua mente que te leva aonde você quer ir
No fim ele sorriu
Me convidou pra terminar a noite
Caminhando sem destino
De bar em bar...
Marcos A.F. Cardoso (2012)

CAMINHANDO PELOS TRILHOS DO TREM
Caminhando pelos trilhos do trem
Nada mais a frente
Sozinho com um violão nas mãos
E um vazio na mente
Ouve-se um sino distante
Lá embaixo na cidade ribeirinha
Enquanto desce a montanha
Caminhando pelos trilhos do trem
Há silêncio e muito verde ao redor
O vento sopra bem forte
A lembrança guia os olhos para o norte
Lá onde ficou um grande amor
E a noite chega com o frio
E lá longe há um trem vindo
Subindo a montanha rapidamente
Com o farol iluminando a noite vazia
Estava ali sem estar
Pensando naquilo que alguém disse naquele velho bar
"Não se espera - esperando, se espera - vivendo"
E agora estava ali sozinho vendo o trem passar
Caminhando pelos trilhos do trem
Sempre acompanhado da solidão
Atravessando a longa noite
Sem lugar nem hora pra chegar

TEMPOS DE REBELDIA
Eu acreditava que anarquia era o modo que poderíamos nos mostrar ao mundo... eu acreditava!
Eu acreditava em soldados armados, amados ou não, que estavam todos perdidos com armas nas mãos.
Eu acreditava em ideologia, que aquilo me faria viver
Eu acreditava em liberdade, que minha alma nunca iria morrer
Eu acreditava num mundo futurista que é tão diferente daquilo que agora posso ver...
Velhos tempos bons tempos, mas tudo isso é apenas ilusão
Os comunistas se venderam por dinheiro
Ditadores guiam nossas vidas numa prisão
A música não calou a voz da guerra e nem a liberdade...
Nos levou a um caminho que era contramão...
Os carros não voam e ainda não vivemos em marte
Ninguém mais inventa nem se descobre a cura
Dois anti-cristos e ainda se espera pelo terceiro
Por tanto tempo escuto mas Jesus ainda não veio
Eu era jovem mas nunca vou esquecer
Aqueles que lutaram pelo socialismo
Todos se venderam à luxúria
Escondendo riqueza por trás da capa do populismo
Vendendo imagem política na tv e na música
Velhos tempos bons tempos
Tudo isso é sonho hippie
Que um jovem rebelde nunca admite.

CONTRAMÃO
Pego meu violão e desço a estrada pela contramão
Ninguém manda em minha vida e ninguém me diz o que fazer
Se eu tiver que errar ninguém pode me culpar
Pois até hoje não conheci quem houvesse só acertar
É mais fácil criticar do que me ajudar
Preciso de amigo para me defender não para me repreender
Por isso pego meu violão e canto esta canção
Pois este é o modo que tenho quando quero me desabafar
Vejo tudo errado quando eu ligo a televisão
E tudo isso me deixa triste, muito triste mesmo
Pois me cobram por tão pouco perto do que vejo por aí
Acho que sempre descerei a estrada pela contramão
Que injustiça ver alguém que tenta ter o que é teu por direito
Já que lutou tanto por isso... Tanto por isso...
Mas perde tudo para alguém que não sabe o valor que aquilo tem
Será que sou eu mesmo que desço a estrada pela contramão?
Por isso pego meu violão e canto esta canção
Por isso pego meu violão e desço a estrada pela contramão

NA PENEIRA
Quantos me apoiaram? Quantos me negaram?
Quantos estavam certos? Quantos estavam errados?
Quantos me ajudaram? Quantos recusaram?
Quantos me aceitaram? Quantos me injustiçaram? 
Quantos me mostraram? Quantos se calaram?
Quantos me ensinaram? Quantos se afastaram?
Coloco na peneira meus sonhos triturados
Quantos se foram e quantos ficaram?
Quantos mares naveguei? Em quantos naufraguei?
Quantas vezes caminhei? Quantas vezes eu parei?
Quantos dedos eu contei? Quantos dedos me faltaram?
Quantos anos ainda faltam? Quantos anos se passaram?
Quantos acreditaram? Quantos se afastaram?
Quantos foram meus amigos? Quantos me abandonaram?